Relato de Parto da Danielle Juliá Lopes Brites.
"Finalmente saiu o meu Relato de Parto! Como eu ansiei por esse dia!
Quando estava grávida, lia relatos lindíssimos e não via a hora de poder
dar o meu relato também! Bem, aí está!
Quando engravidei da
Isabela comecei a assistir vídeos relacionados a bebês e num desses
vídeos ouvi dizer sobre o filme O Renascimento do Parto. Decidi
assistir.
Eu já tinha ouvido falar sobre parto humanizado, mas
não tinha uma noção verdadeira sobre o que realmente é um parto
humanizado.
Antes, tudo o que eu queria era ter convênio, pois
achava que tudo o que eu havia sofrido nos meus dois partos anteriores
era porque tinha sido num hospital público. Em parte foi, mas assistindo
ao filme, vi que num hospital privado as minhas chances de ter um parto
normal diminuíam drasticamente.
O filme, as pesquisas que fiz e
outros vídeos que assisti me abriram os olhos pra muitas coisas,
inclusive pras violências obstétricas que acontecem diariamente e que a
gente acha que é “normal”.
Eu fui vítima de violência obstétrica
nos meus dois partos e eu nem sabia disso. Achava, até então, que tudo o
que havia acontecido comigo era procedimento normal e que era realmente
necessário. Infelizmente todos os dias milhares de mulheres são vítimas
de violência obstétrica e nem sequer sabem disso. Infelizmente também,
milhares de mulheres acham que parto normal é ruim, é sofrido, é
doloroso porque acham que tudo o que aconteceu com elas fazia parte de
um parto normal.
Eu te digo que não faz parte! Eu vivenciei um parto
normal de verdade, onde não sofri, onde me entreguei, onde curti cada
momento, onde senti prazer a cada contração, onde senti dor sim, mas uma
dor gostosa, uma dor que trazia pra mim a minha filha, onde tive
vontade de ter mais filhos, só pelo simples prazer de PARIR novamente!
Bem, depois que assisti ao filme, comecei a ter uma noção do que era um
parto humanizado e quis vivenciar essa experiência. Mas só assistir o
filme não era o suficiente pra me informar. Comecei a buscar informação
de todos os lados. Pesquisei em sites, blogs, páginas, redes sociais,
assisti a vídeos, li relatos de parto, perguntei pra outras pessoas que
também vivenciaram essa experiência... enfim, busquei informação!
Descobri os muitos mitos sobre parto normal que são tidos como
verdade... descobri que o Sistema Obstétrico Brasileiro vai te empurrar
pra uma cesárea porque pra grande maioria dos médicos, o que importa no
final das contas é o lucro, e parto normal não é lucrativo. Descobri que
pra parir no Brasil tem que lutar e muito. E eu lutei!
Conversei
com meu marido sobre a possibilidade de um parto domiciliar e ele me
apoiou de cara! A primeira profissional que procurei pra ter um parto
humanizado foi uma doula. Quando assisti ao filme, achei que doulas
faziam parto, então foi a primeira profissional que busquei. Eu sabia
que pra ter um parto humanizado, a única forma seria se fosse
domiciliar, pois aqui na região não existem hospitais humanizados.
Imaginei que fosse um valor exorbitante e que estaria fora do meu
alcance, mas decidi procurar a doula assim mesmo, pois não custava
perguntar...
Achei uma doula na cidade vizinha e ela me explicou o
que uma doula realmente faz e me indicou uma parteira, a Gabi, e uma
doula da minha cidade, a Aline. Eu e meu marido marcamos um encontro com
a Gabi e conversamos durante horas. Ela nos deu seu preço e, pra nossa
surpresa, era um valor que conseguiríamos pagar nos apertando aqui e
ali. A essa altura eu estava com 11 semanas de gestação e a partir daí
comecei a fazer o pré-natal com a Gabi.
Fiz o pré-natal
simultaneamente com a Gabi e a obstetra, mas com a obstetra eu fazia
apenas pra pegar os pedidos dos exames. Era mais uma formalidade, tanto
que mesmo tendo convênio, optei em fazer as consultas de pré-natal pelo
SUS e somente os exames eu realizava pelo convênio.
Minhas
consultas com a Gabi duravam mais de 3 horas. Com ela não tinha relógio,
contagem de tempo... ficávamos à vontade, conversando, tirando dúvidas,
fazendo exercícios... eu me sentia muito segura com ela.
Eu e a
Aline conversávamos por redes sociais e nos encontramos algumas vezes
também. Ela também me passou muita tranquilidade e fiquei feliz e segura
com a equipe que estaria comigo naquele momento tão especial!
Durante a gestação fui pesquisando cada vez mais sobre tudo relacionado à
gestação, parto, bebês e etc. A informação foi fundamental para o
sucesso do meu parto. Descobri o poder que eu tenho. Descobri a minha
força. Descobri que sou capaz de parir, que o parto é meu e que os
profissionais estão ali apenas pra me auxiliar, mas quem faz o parto sou
eu!
Essa questão de parto humanizado, parto domiciliar, parto
natural e etc., ainda é muito confusa pra muita gente. A maioria não
sabe a diferença entre eles, ou acha que é tudo a mesma coisa... Por
ainda ser um assunto muito “polêmico”, decidimos que não contaríamos a
ninguém sobre nossa decisão. Nem à família. Afinal, era uma decisão
nossa e naquele momento tão especial da minha vida, a última coisa que
queríamos era gente dando palpite sobre o assunto.
No dia
22/02/15, a Aline foi até minha casa para ensinar ao meu marido as
técnicas de massagem que aliviam a dor das contrações e também para
mostrar as posições que aliviam a dor. Conversamos bastante, tiramos
nossas dúvidas e resolvemos alguns detalhes sobre o que eu gostaria ou
não no dia do parto.
No dia 23/02/15, mais ou menos às 8 da
manhã, eu comecei a sentir contrações com umas cólicas enjoadinhas. Eu
ainda estava dormindo, mas a cada contração eu acordava com a cólica. Às
10 da manhã resolvi levantar. Quando fui ao banheiro vi que o tampão
tinha começado a sair. Liguei pra Aline pra deixa-la de sobreaviso, mas
disse que não precisava vir ainda. Liguei também pro meu marido pra
deixa-lo de sobreaviso e pedi que ele ligasse pra Gabi. A Gabi me ligou e
eu expliquei tudo o que eu estava sentindo, mas que ainda não precisava
vir.
Às 11 da manhã comecei a marcar as contrações e a cronometrar
sua duração. As contrações vinham num intervalo de 5 em 5 minutos, mas
só duravam 40 segundos. A cólica era fraca e continuei com minha rotina
normal. Eu precisava levar o meu filho à escola e conversar com a
diretora sobre uma vaga para o meu outro filho, que estava sem estudar. A
Gabi havia pedido pra eu ficar em casa descansando, mas eu precisava
resolver essa questão. As contrações continuavam do mesmo jeito... de 5
em 5 minutos, mas durando apenas 40 segundos. Nas minhas pesquisas,
aprendi que o mais importante não é o intervalo entre uma contração e
outra, mas sim a duração da contração... se dura menos de 1 minuto,
então ainda é o trabalho de parto latente, onde não há dilatação.
Independente de o intervalo ser de 20 em 20 minutos ou de 3 em 3
minutos... se dura menos de 1 minuto, ainda não pode ser considerado
trabalho de parto. Aprendi também que devemos relaxar durante a
contração, pois assim a dor é menor. A cada contração eu fechava os
olhos e relaxava ao máximo. Me entreguei pra dor e isso fazia com que eu
sentisse menos dor.
Quanto ao tampão, não me alarmei porque
quando eu estava grávida do meu segundo filho, o tampão começou a sair
dois dias antes... então ainda não estava me dizendo nada.
Continuei
em contato com meu marido, a Aline e a Gabi dando notícias
constantemente. A Gabi já tinha me dado certeza que minha filha nasceria
naquele dia. Por volta de 14:30 mais ou menos pedi pro meu marido vir
pra casa, pois o trajeto seria demorado.
Continuei cronometrando
cada contração e às 16h mais ou menos a cólica começou a ficar um pouco
mais forte e a contração começou a durar entre 1 minuto e 1 minuto e 20
segundos, com intervalos de 10 minutos entre uma e outra.
Por volta
das 17h liguei pra Gabi e disse que ela já podia vir. Meu marido chegou
em casa por volta de 17:30 e começou a preparar a casa para o parto.
ÀS 18h MAIS OU MENOS SENTI UM "PLOFT" e constatei que minha bolsa havia
estourado, mas saiu apenas um pouco de líquido. Imaginei que era uma
ruptura alta pela pouca quantidade de líquido. Liguei pra Aline e disse
que ela já podia vir também e avisei que a bolsa havia estourado. A
ligação estava ruim... ela não estava entendendo direito, mas entendeu
que já podia vir.
A Gabi chegou umas 18:30 mais ou menos e logo em seguida a Aline chegou.
Depois que a bolsa estourou as cólicas ficaram um pouco mais fortes,
mas eu continuava conversando normalmente, rindo, brincando... Eu estava
super tranquila e sabia que minha filha chegaria à noite ou de
madrugada.
A Gabi aferiu minha pressão e monitorou os batimentos
cardíacos da Isabela. Estava tudo bem com nós duas. Enquanto a Gabi
apalpava minha barriga, saiu mais água da bolsa, dessa vez bastante.
Pensei que nem teria mais nada pra sair, mas volta e meia saía mais um
pouco. A Gabi e Diego subiram pra ajeitar o quarto pro parto. A Aline
ficou comigo conversando e fazendo massagem quando vinha uma contração.
Por volta das 20h as cólicas aumentaram um pouco mais e eu decidi ir
pro chuveiro, pois eu sabia que a água quente aliviava a dor. Fiquei lá
no chuveiro, deixando a água cair... e como aliviou! Nossa! Parecia
mágica! Eu já tinha ouvido falar que aliviava, mas não imaginei que
aliviava tanto! Fiquei lá um bom tempo e continuava relaxando a cada
contração. Me entreguei totalmente à dor e quanto mais eu me entregava e
relaxava, menor era a intensidade da dor.
Às 21h mais ou menos
saí do chuveiro e fui pra cama pra que a Gabi me examinasse. Os
batimentos da Isa continuavam ótimos e eu já estava com 4cm de
dilatação. Confesso que eu queria que ela dissesse que eu estava com
muito mais do que 4cm... rsrsrs mas eu ainda estava tranquila! Foi o
ÚNICO toque que recebi em todo o meu trabalho de parto! Nos meus outros
partos perdi a conta de quantos toques recebi e também de quantas
pessoas fizeram! Toda hora vinha um sujeito diferente... Que diferença
ter um parto domiciliar! Nunca mais quero saber de outra coisa!
Hospital, nunca mais!
Mas, enfim... voltei pro chuveiro e,
enquanto isso, a piscina de parto estava enchendo e Diego estava fazendo
uma macarronada pra todos nós comermos. Sim, eu também estava comendo
normalmente! Bebia água o tempo todo e me alimentei normalmente.
A
Gabi me disse que quando o Diego terminasse o que estava fazendo e
viesse ficar comigo, o meu trabalho de parto evoluiria rapidamente. Foi
dito e feito! O Diego subiu umas 22h e pouca pra ficar comigo. Sentei na
piscina, que ainda estava enchendo, mas já tinha certa quantidade de
água quentinha, e jantei. Tinha pouco macarrão no prato e eu continuei
com fome, então pedi mais!
Diego ficou abaixado atrás de mim, do
lado de fora da piscina, e me abraçou, fez carinho na minha barriga,
disse que eu estava linda, que me amava e que logo nossa filha estaria
em nossos braços. O hormônio responsável pelas contrações é a OCITOCINA.
Esse mesmo hormônio é conhecido como hormônio do amor pois, além de ser
o responsável pelas contrações, é responsável também pela descida do
leite, por estreitar os laços entre mãe e bebê e também é um dos
responsáveis pelo orgasmo no ato sexual. Por isso, quando meu marido se
juntou a mim e começou a me falar palavras de carinho e amor, o meu
trabalho de parto evoluiu rapidamente.
Quando o outro prato de
macarrão chegou eu mal conseguia comer. As contrações foram ficando cada
vez mais fortes, com intervalos cada vez mais curtos e durando mais de 1
minuto. Eu mal conseguia dar uma garfada e já vinha outra contração.
Era só o tempo de Diego pegar o meu prato e começar a fazer massagem pra
aliviar a dor.
A dor estava sim ficando mais forte, mas ainda não era A DOR...
Nesse meio tempo a Aline e a Gabi estavam enchendo a piscina com
panelas de água quente, pois o chuveiro não estava suportando ficar
tanto tempo ligado e o disjuntor estava desarmando.
A dor estava
aumentando rapidamente e eu pedi que a Gabi fizesse outro toque em mim
para me dizer com quantos centímetros de dilatação eu estava. Eu queria
saber se faltava muito, se eu já estava com pelo menos 8cm... mas para
que ela fizesse o toque, era necessário que eu deitasse na cama, mas
quando tentei sair da piscina, veio outra contração. O intervalo era
muito curto, não dava pra sair da piscina. Eu simplesmente não
conseguia.
Perguntei pra Gabi se realmente precisava sair da
piscina pra fazer o toque e ela só me olhou com uma carinha de dó e
balançou a cabeça dizendo que sim. Eu então desisti e decidi ficar ali
mesmo. Como a Gabi já havia dito, depois que o Diego viesse ficar
comigo, meu trabalho de parto evoluiria muito rápido, e foi o que
aconteceu.
A essa altura eu comecei a sentir A DOR e eu já não
conseguia mais fechar os olhos e relaxar... minha vontade era de falar
AI, AI... mas a Gabi me orientou a fazer um som de aaaaaaaaaaaaaa para
“abrir”. Então eu fiz. Quando vinha a dor eu fazia uma espécie de
vocalize com a vogal “a”, mas sem gritar. Apenas falava. A todo o
momento eu mentalizava que a minha filha estava chegando. Que quanto
mais forte a dor, mais perto estava dela nascer!
A todo momento
eu agradecia a Deus por estar em casa e não em um hospital! Eu sabia que
num hospital eu não poderia fazer nada do que tinha feito estando em
casa. Eu teria que ficar o tempo todo deitada numa maca, e só pra
constar: ficar deitada é a posição que mais dói durante as contrações.
Por isso não sofri em casa, porque pude ficar em posições que aliviavam a
dor.
Eu estava sentada e a Gabi me disse que eu precisava mudar
de posição, ficar de joelhos, pois sentada não daria pra minha filha
nascer. Nessa fase eu já estava na partolândia. Os poucos momentos de
intervalo entre uma contração e outra, eu entrava em transe. Relaxava
num nível que não conseguia falar. Eu quase adormecia. Meu marido e a
equipe se comunicavam apenas sussurrando para não me atrapalhar. Me
lembro da Aline me perguntar alguma coisa e eu fazer um tremendo esforço
só pra levantar o braço e fazer um sinal de “não” com o dedo, tamanho
era o meu estado de relaxamento.
Colocaram a bola de pilates
dentro da piscina, não me lembro se foi a Aline ou a Gabi. Eu fiquei de
joelhos e apoiei o corpo na bola. A essa altura o Diego já estava
sentindo dor no pulso de tanto fazer massagem e pediu que a Aline
ficasse um pouco no lugar dele. Logo depois que mudei de posição, as
próximas contrações já foram pra minha filha nascer.
QUANDO VEIO
UMA CONTRAÇÃO EU FIZ FORÇA E A CABEÇA SAIU. Senti uma certa agonia com o
corpinho dela ainda dentro de mim e minha vontade era de pedir pra Gabi
puxar, mas eu sabia que não podia. A Aline só me disse pra que eu não
fizesse força e que esperasse a próxima contração. O intervalo foi de
uns 30 segundos mais ou menos entre a contração pra sair a cabeça e a
próxima. Quando a Aline terminou de falar isso, veio outra contração e
eu decidi que faria uma força só, que o corpinho dela sairia de uma vez.
Fiz uma força comprida e o corpinho dela saiu todinho. Eu pari! Pari
como nunca havia parido antes! Da forma mais linda que uma mulher
poderia parir e um bebê poderia nascer! Não sofri! Foi Lindo! Às 23:36,
com 3,298kg e 47cm, Isabela nasceu!
A DOR ACABOU
INSTANTANEAMENTE! Eu falei que queria vê-la, pois estava de costas, e a
Gabi me pediu pra esperar um pouquinho. Esperei alguns segundos e me
virei e sentei. No mesmo instante a minha filha começou a chorar. Ouvi
seu chorinho pela primeira vez! A peguei em meus braços e minha vontade
era de amamentar na mesma hora. A Isabela começou a espirrar e ela mesma
colocou pra fora as secreções. Não foi necessário nenhum procedimento
invasivo, nenhum tipo de aparelho sendo enfiado no nariz e na garganta
da minha filha para aspirar nada! Deus é muito perfeito!
Ela
ainda estava chorando e a Gabi me instruiu a coloca-la de bruços nos
meus braços e assim que o fiz, ela parou de chorar. Uns 15 minutos após o
seu nascimento eu comecei a amamenta-la. Ela sugava forte e mamou
durante horas! Fiquei um bom tempo ainda na piscina. Ela no meu colo,
pele-a-pele, apenas coberta com uma fraldinha de pano na parte do corpo
que não estava em contato com o meu corpo.
FICAMOS TODOS ALI,
ADMIRANDO AQUELA CENA! Admirando o que acabara de acontecer! Meu filho
Lohan assistiu o parto e ficou maravilhado com o nascimento da irmã. Meu
filho Bernardo não aguentou ficar acordado.
Depois de um tempo,
fui pra cama e a Isabela ainda mamava, desta vez, no outro seio. Diego
cortou o cordão umbilical e foi um momento maravilhoso. No parto
humanizado nós deixamos para cortar o cordão quando o mesmo já parou de
pulsar. Isso porque enquanto ele está pulsando, está passando oxigênio
para o bebê e cerca de 100ml de sangue. Esse sangue previne o bebê de
ter anemia durante o primeiro ano de vida. Eu fiquei mais de 1 hora
dentro da piscina depois que a Isa nasceu, e só quando fui pra cama, é
que cortamos o cordão.
A Gabi me examinou e viu que não havia
laceração nenhuma! Meu períneo estava íntegro! Um tapa na cara do
Sistema Obstétrico Brasileiro, que pratica episiotomia de rotina, com a
desculpa de que é pra não correr o risco de lacerar! Kkkkkkk tem que rir
né? Beijinho no ombro pra quem defende a episiotomia de rotina tá?
Períneo íntegro aqui!
A placenta ainda não havia nascido e a Gabi
me disse pra tentar fazer xixi, pois poderia ser isso que estaria
impedindo a placenta de nascer. Sim, no parto humanizado nós esperamos a
placenta nascer. Nós não puxamos ela, e cada mulher tem o seu tempo
para “parir” a placenta.
Fui para o banheiro e fiquei sentada no
vaso esperando a placenta nascer. Entre 10 e 15 minutos depois, eu senti
que a placenta ia sair e foi só o tempo de falar: “Acho que a placenta
vai sair” e ela nasceu! Depois disso, me levantei e fui tomar banho!
Sozinha! Menos de duas horas depois de parir minha filha! Eu estava
super bem! Tomei banho normalmente, lavei o cabelo, me enxuguei e me
vesti, tudo sozinha.
Esse meio tempo foi o único que minha filha
passou longe de mim e mesmo assim ficou no colo do pai. E por incrível
que pareça, apesar de ter mamado bastante, ela ficou procurando peito
nele... rsrsrsrs
PEGUEI MINHA FILHA NOVAMENTE E CONTINUEI
AMAMENTANDO até 3 da manhã! Aline e Gabi foram embora nesse horário. Eu e
Diego fomos descansar também. Pelo menos tentamos, porque a euforia não
deixou que pegássemos no sono de imediato. Isabela dormiu o restante da
noite e só acordou de manhã para mamar.
E muitas pessoas me
perguntam se eu tive que ir pro hospital depois de ter o neném. Não
gente, eu não tive. Correu tudo bem no meu parto e só haveria
necessidade de ir pro hospital se houvesse alguma intercorrência. Outra
coisa é que se houvesse alguma emergência, a parteira tem todos os
equipamentos necessários para fazer os primeiros socorros, inclusive
oxigênio, e depois iríamos para um hospital.
EU PESQUISEI SOBRE
TUDO ANTES DE TOMAR ESSA DECISÃO e eu jamais seria leviana a ponto de
colocar a vida da minha filha ou a minha em risco. Foi tudo totalmente
seguro e realizado por uma equipe capacitada! Durante toda a minha
gestação, o meu ÚNICO medo era de ter que ir para o hospital. Isso eu
não queria de jeito nenhum!
Algumas pessoas falam: Ah, mas você é do tipo que não sente dor né? Só sente uma dorzinha e logo o neném nasce...
Nada disso! Eu sinto dor sim! E muita! Mas dessa vez foi diferente! Foi
uma dor gostosa de sentir! Eu estava acolhida no aconchego do meu lar,
com as pessoas que eu amo ao meu redor, me entregando de corpo e alma a
cada contração, a cada dor e curtindo cada uma, pois eu estava
consciente que aquelas dores trariam minha filha pra mim dentro de
poucas horas.
O sofrimento de um parto não se deve à dor em si,
mas sim a todas as violências obstétricas que sofremos e não sabemos.
Por isso a importância de buscarmos informação, para que tenhamos
ciência de tudo e não corramos o risco de termos nossos partos roubados.
Muitas pessoas me parabenizam pela coragem de ter tido um parto em
casa... eu já acho que corajosa é quem vai para um hospital. Essa é uma
coragem que eu não tenho mais!
Obrigada por compartilhar essa experiência linda!!!
Muito amor pra vocês!!