Esse é o meu relato de parto. Falo um pouco também sobre o nascimento do Arthur, que foi por uma cesárea por falsa indicação, 1 ano e 9 meses antes de parir.
O relato é longo, mas acredito que valha a pena ler até o fim!!
"Enfim pari! Realizei um
grande sonho! Mas antes de falar sobre o parto, vou voltar há 1 ano
de 10 meses atrás, quando nasceu meu primeiro filho, através de uma
cesárea.
Sempre sonhei em ser
mãe, minha vontade era tão grande, que as vezes passava pela minha
cabeça que eu poderia ser estéril, que não ia conseguir
engravidar, não que eu já tivesse tentado, mas vivia pensando
nisso.
Até que em 2011
engravidei, do meu primeiro anjo, o Arthur.
Até mesmo antes de
engravidar, nunca fui a favor da cesárea, a não ser nos casos
realmente necessários. Mas marcar a data pro bebê nascer, pra mim
sempre foi terrível!O único que sabe quando estará pronto pra
nascer é o bebê, e ninguém tem o direito de adiantar isso.
Então quando
engravidei, não tinha dúvidas que seria normal... se dependesse de
mim!
Até as 29 semanas foi
uma gestação super tranquila, trabalhava fora, não tive nenhum
incômodo!
Mas em uma noite, com
quase 30 semanas, tive um falso trabalho de parto, e tive que ficar
internada para observação.
Dentro de 3 dias já
estava em casa de novo, mas com a recomendação de ficar ao máximo
de repouso. Saí do trabalho.
Em umas das idas ao
médico, fazer uma eco, viram que eu estava com baixo líquido
amniótico, e me internaram de novo. Mas em questão de horas, o
líquido já estava na quantia considerada normal. Logo fui pra casa.
Se passaram mais algumas semanas, tudo tranquilo. Esperava ansiosa
pelo nascimento do Arthur, que estava previsto para até dia 25 de
abril. Seria o maior presente que eu e minha mãe poderiamos ganhar
de aniversário, já que faço dia 21/04 e minha mãe dia 07/04.
Estávamos todos pensando se cairia mais perto do aniversário dela
ou do meu.
Então em mais uma
manhã, no dia 03/04/12, fui ao hospital pra mais uma eco. E foi mais
uma vez constatado oligodrâmio, eu estava com 36 semanas mais 5
dias, e acharam melhor interromper a gestação.
Fiquei arrasada. Mais
ainda quando disseram que teria que ser cesárea. Meu sonho de parto
tinha ido por água a baixo. Eu perguntei uma, duas vezes, se não
tinha mesmo como ser parto normal, e só me diziam que não, que
seria arriscado pro bebê, e eu não queria que nada de ruim
acontecesse com o meu filho! Que mãe ia querer arriscar, não é
mesmo?! Se os médicos estavam dizendo, então era o que tinha que
ser! Era o que eu pensava....
Me internaram às 9h,
com a cesárea prevista para âs 16h, como eu não estava em jejum,
tinham que esperar algumas horas. E as horas passaram, passaram....
já era 20h e nada. Nada de me examinarem, já nem sabiam mais se a
cirurgia seria mesmo feita naquele dia, já que não era uma
emergência. Pois então... não era uma emergência, porque tinha
que ser cesárea?! Nem questionei isso naquela época. Eu só queria
terminar logo com aquilo. Já estava louca de dor de cabeça, fome e
sede! Até que resolveram! Meu filho nasceu, ou melhor, foi retirado
de mim, às 22:27h.
Assim. Sem emoção
nenhuma. Na hora até me senti mal, e me achei estranha por não ter
sentido aquela emoção que todas falavam. Ou que a maioria falava.
Mas tiraram o meu filho de dentro de mim e levaram. Fizeram todos
aqueles proecessos horríveis que fazem no RN, e eu fui a última a
vê-lo. Pesaram, mediram, tiraram fotos, e só depois me trouxeram.
Colocaram no meu peito, mas não quis mamar, só ficou ali, com uma
carinha triste, que na hora eu não percebi, mas hoje sei... ele
estava triste. E só de pensar nisso hoje, me corta o coração e dá
aquele nó na garganta.
Eé essa a história do
nascimento do meu primeiro filho. Trsite. Ele nasceu pequenino, com
2275kg e 42cm, mas graças a Deus, cheio de saúde! Ficou no quarto
comigo o tempo todo. E hoje em dia é um baita guri de quase 2 anos!
Naquela época eu não
sabia de 1/3 do que eu sei hoje. Tinha visto alguma coisa sobre o
documentário O Renascimento do Parto, mas que ainda não tinha data
para ser lançado. E eu não fazia ideía de todas as coisas
horríveis que eu descobriria.
E então em 2013
descobri que estava grávida de novo. E agora viria uma menina!!
Seria mãe de um casal, tudo o que eu sempre quis!! E uma força e um
desejo maiores ainda de enfim conseguir passar pela experiência do
parto natural, me preencheram de uma certa forma que era só o que eu
pensava. E pesquisava, e me informava.
E enfim o documentário
foi lançado. Fui correndo assistir, logo no primeiro dia de
exibição.
Lágrimas rolaram do
começo ao fim, de verdade. Chorava de soluçar. Por todas aquelas
coisas terríveis, que eu não fazia ideia, por todos os relatos, em
que me vi em vários e pelo fato de descobrir, que me filho não
precisava ter nascido de uma cesárea. Oligodrâmio não é indicação
de cesárea, eles poderiam ter induzido, e nem sequer tocaram no
assunto.
Saí do cinema arrasada
e ao mesmo tempo maravilhada e com a esperança que dessa vez eu
conseguiria! Dessa vez eu iria me munir de todas as informações
possíveis, e ninguém me passaria pra trás, ninguém me privaria de
parir!
Eu queria além de um
parto humanizado, um nascimento humanizado! O primeiro momento de
vida do bebê também tinha que ser respeitado!
Fazia o meu pré natal
no posto do bairro, então eu não tinha acompanhamento de um
obstetra, quando chegasse a hora, eu iria pro hospital, e que fosse o
que Deus quisesse, pensava eu...
Mas até que um dia fui
apresentada à uma enf. Obstetra, a Luana, que surgiu na minha vida
como um anjo!
Já estava na 27ª
semana quando nos conhecemos e começamos a nos encontrar e conversar
sobre o parto. Depois do filme, e de ter visto inúmeros vídeos de
parto domiciliar, fiquei com uma vontade enorme de ter o meu em casa
também, mas eu não tinha o apoio do meu marido. Ele aceitava eu
querer ter natural, sem as intervenções de rotina feitas no
hospital, mas ter em casa, nem pensar, dizia ele!
Acabei esquecendo dessa
ideia. Então com a ajuda da Luana, fiz o meu plano de parto, que eu
também nem sabia o que era, e que é uma recomendação da OMS.
Fiz com todo o carinho
pensando nas coisas que eu queria, e nas que eu não queria que
acontecesse de jeito nenhum.
Não queria ocitocina
sintética, analgesia, episiotomia.... com o bebê eu não queria que
usassem o nitrato de prata, que ele fosse aspirado, entre outras
maldades.
Lá pela 32ª semana, a
ansiedade era tanta, que já estava com tudo pronto, minha mala e da
Isis, plano de parto impresso...
A data prevista pro
parto era dia 24/01/14, onde completaria 40 semanas.
Mas desde o começo eu
tinha certeza de que não passaria das 39.
Dessa vez, meu pai é
quem ganharia um presente de aniversário, e estava torcendo pra que
caísse no dia dele, dia 17/01.
Depois do dia 03/01,
quando completei 37 semanas, eu já podia esperar pela minha filha,
teoricamente ela já estava pronta pra nascer, e a ansiedade só
aumentava. Eu acordava e pensava, será que é hoje?!
Estava tudo certo
também com a Luana. Ela me acompanharia em todo o trabalho de parto,
que eu queria permanecer em casa. Até o último momento. Queria ir
pro hospital quando já estivesse com uns 8cm de dilatação. Era pra
chegar quase parindo!!
Nesse tempo em que nos
encontramos pra conversar sobre o parto, ela me emprestou alguns
livros, maravilhosos, que ainda quero tê-los na minha estante! E me
trouxe também uma bola de pilates, pra eu ir fazendo alguns
exercícios.
Dia 10/01, completei 38
semanas.... e o que era ansiedade, já não tinha mais nome.
Tinha sempre essa data
na cabeça, achava que nasceria logo depois do dia 10.
Mas os dias foram
passando e nada.
Dia 16/01
era a troca da lua, para lua cheia. Já tinha ouvido dizer que era a
lua das meninas, e que o índice de nascimentos aumentava
consideravelmente nessas trocas de lua.
Dia 14/01
foi o dia de me arrumar... fiz as unhas dos pés, das mãos, retoquei
meu cabelo. Estava só esperando.
E então
que no dia seguinte, 15/01, acordei às 06h para ir ao banheiro e
notei que estava com umas contrações um pouco mais fortes,
diferentes das de treinamento. Tive a certeza de que ou nasceria à
noite, ou de madrugada, na troca da lua.
O
intervalo das contrações eram em média de 10 minutos. Mas ainda
bem irregulares e fracas. Parecidas com dor de barriga.
Fiquei
monitorando por um tempo. Entrei em contato com a Luana, que foi
acompanhando tudo por mensagens que eu mandava.
Ficou de
vir pra minha casa à tarde, depois das 17h.
Entre uma
contração e outra fui fazendo as coisas da casa, do filho... estava
tudo tranquilo. Estava feliz. A hora estava chegando!!
Avisei
toda a família, que provavelmente a Isis nasceria ainda naquele dia.
Meu
marido estava um tanto apreensivo, acho que por ele teríamos ido
logo pro hospital. E já estava certo com uma das minhas cunhadas,
que quando chegasse a hora, ela nos levaria, e uma outra cunhada
viria para ficar em casa com o Arthur. Essa era uma das minhas
preocupações. Ficar longe do Arthur. Nunca tinha acontecido. No que
ele ia pensar?! Que eu tinha abandonado ele?!
Mas eu
sabia que nesse dia, ele sentia o que estava acontecendo.... o que ia
acontecer... mesmo não entendendo muito bem, acho que ele acordou
sabendo que sua irmã logo chegaria.
Mas
voltando ao meu dia...
Almoçamos,
e depois de colocar o Arthur na cama pra tirar seu soninho da tarde,
resolvi me deitar também, na esperança de dormir um pouquinho e dar
um tempo na ansiedade.
Mas as
contrações não deixaram. Estavam começando a ficar chatinhas.
Me
levantei. Aproveitei pra me exercitar com a bola. A cada contração,
eu me agachava. Aliviava um pouco. Não deixei de me movimentar.
Parada era muito pior.
Então
deu 17h e logo a Luana chegou, pra minha alegria. Estava louca pra
saber se já estava com alguma dilatação.
Foi
quando no exame de toque ela viu que meu colo estava molinho, Isis
bem encaixadinha, mas apenas 1cm. Fiquei um tanto quanto
decepcionada. Esperava estar com mais. Pensei então que ia demorar.
Talvez fosse só pra madrugada.
Decidimos
então caminhar.
E as
contrações cada vez mais fortes, e o intervalo entre elas, bem
menor.
Andava um
pouqinho e tinha que parar. Achei que não ia conseguir voltar pra
casa.
As dores
estavam ficando bem fortes.
Quando
chegamos em casa, fui pro chuveiro. Fiquei alguns minutos. Ficar
sentindo a água cair no corpo era muito bom.
Quando
saí, fui para o quarto, liguei a TV, me deitei, mas não dava. Ficar
deitada não tinha condições! Voltei para o banheiro, e a bolsa
estourou. Eram 19:30h.
Enchi uma
piscininha do Arthur e coloquei no box, fiquei lá sentada. Mas
também não dava mais. Já não tinha uma posição que fosse
confortável.
Ia usar a
bola, quando senti uma contração muito forte, me agachei e senti
uma pressão.
O primeiro puxo. Minha filha já ia nascer. E não dava
tempo de ir pro hospital.
Ela ia
nascer em casa. Ela queria nascer em casa!
Em 2h,
fui de 1cm pra 10cm. Foi tudo muito rápido. Tudo perfeito.
Meu
marido, apavorado, não acreditava no que estava acontecendo. Chamou
minha cunhada, a que nos levaria pro hospital,que acabou chegando a
tempo de ver sua sobrinha nascendo, e a tempo de segurar a minha mão.
Minha
outra cunhada já estava com o meu filho, distraindo ele.
Fui para
a cama. Fiquei de quatro, abraçada na bola.
Foi então
que depois de 3 contrações com puxo, às 19:56h, minha Isis nasceu.
Linda, cabeludinha, como no meu sonho. Sim!! Eu tinha sonhado, há
algumas semanas antes com o parto. Exatamente como aconteceu. Foi um
aviso!! Nada é por acaso!! Sempre acreditei nisso! E foi o que me
fez ficar tranquila na hora do parto, porque mesmo não tendo
preparado a casa pra esse momento, não me passou nada de ruim pela
cabeça! Eu sabia que daria tudo certo! E deu tudo mais que certo!
Não poderia ter sido mais perfeito. Pari lindamente! Sem ocitocina
sintética, analgesia, episio...
O mais
natural possível. Tive o parto e nascimento humanizados. Como eu
sempre quis. Como tinha que ser!
Minha
filha nasceu em casa, no meio de pessoas queridas. Quase não chorou.
Veio direto pro meu colo, mamou ainda “sujinha”, teve o cordão
cortado pelo pai, muito tempo depois.
E só
posso dizer que foi maravilhoso. A melhor experiência da minha vida.
Faria tudo de novo!
O que eu
não consgui fazer pelo Arthur, eu fiz pela Isis. Me realizei. Lavei
a minha alma.
Só tenho
que agradecer todo mundo que estava lá naquele momento. A Luana que
me ajudou, que se não fosse ela, provavelmente não teria sido
possível. Ao meu marido, que mesmo assustado, estava lá, acreditou
que eu conseguiria, e filmou tudo!! Minhas cunhadas, e sobrinha
emprestada!
E ao cara
lá de cima, que sempre sabe o que faz, e que me deu mais essa
benção! Muito obrigada!!
E aquela
frase, “Os bebês sabem nascer, e as mulheres sabem parir”, é a
mais pura verdade!! Nosso corpo é perfeito, a natureza é perfeita!!
Deixem ela agir!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário