30 de setembro de 2014

Relato de parto da Mislaynne - Um parto domiciliar desassistido.

O planejado era passar o máximo possível do trabalho de parto em casa, e ir para o hospital um pouco antes do expulsivo, mas aconteceu tudo muito rápido, e o Nicolas quis nascer na sua casa!
Relato emocionante!!


"Tudo começou em janeiro de 2014 quando fui visitar Tatiane Coelho (ainda não erámos amigas) que tinha acabado de ganhar sua Isabelle. Estavam lindas e fortes, eu admirei muito ela pelo parto normal, achei ela muito poderosa. Eu sempre tive horror a parto, falava em casa desde criança pra minha mãe e irmã que achava que morreria se um dia tivesse que parir um bebê....kkkkkkk que ignorância hein. Continuando...Tatiane aquela poderosa começou a me falar sobre parto humanizado, eu nunca tinha ouvido falar nisso, ouvi achei bonito, mas não me aprofundei, minha menstruação estava atrasada eu contei a ela, eu já esperava meu Nicolas e não sabia ainda. Ela me add em vários grupos de parto humanizado, eu nem entrei pra ler nada.
Num fim de semana que fui passar em Palmas, minha prima Gleyvia me colocou pra fazer o teste de gravidez, descobrimos que eu tava grávida, fizemos uma surpresa pro marido p contar que iria ser papai, ele se emocionou, eu tbm, uma confusão de sentimentos e medo tbm...comecei a pensar no parto, e fiquei com aquele medo de novo, que eu sempre tive. Me lembrei da minha amiga poderosa, e dos grupos e fui ler, me informar, ver vídeos, pesquisar. Me apaixonei totalmente pelo parto humanizado, tive certeza que queria parto normal, comecei também a “tentar” informar o marido, que a princípio não se interessou muito pelo assunto, até assistirmos O Renascimento do Parto, filme lindo que com certeza mudou toda minha visão sobre o parto e todo aquele medo do parto se transformou em amor pelo parto, e o marido começou a entender a minha língua, infelizmente aqui em Gurupi não temos parto humanizado, então eu comecei a ficar com medo de toda violência obstétrica que eu poderia sofrer e de todas as intervenções desnecessárias que eu teria que passar no hospital. Sonhei com o parto humanizado, parto em casa, na banheira, chegamos a cogitar, mas não tínhamos equipe completa, então descartamos a hipótese e eu decidi pelo PN hospitalar. Encontrei Eydi, farmacêutica que decidiu fazer o curso de doula, e eu fiquei muito feliz, e ela foi minha doula. Combinamos de ficar em casa o máximo possível e ir para o hospital no expulsivo.
Não posso começar a falar do parto sem falar do meu marido, homem maravilhoso que eu admiro muito, forte e admirável, sempre fechando comigo e acreditando em mim, mesmo sem estudar muito, mas sempre confiando em tudo que eu falava pra ele, e concordando e quando assistiu o filme O Renascimento do Parto, ele também se transformou por dentro, começou a se emponderar, informar. Chegamos a pensar em PDD, parto domiciliar desassistido, com a presença da Eydi, Tatiane e depois Larissa, mas cheguei a decidir mesmo pelo hospitalar, ainda torcia e pedia a Deus que pudesse acontecer um “acidente” e meu filho nascer em casa, no ambiente menos traumático pra chegada dele ao mundo, com o calor da sua família, sem luzes fortes no rosto, com pessoas desconhecidas, sala fria e barulhenta, com inúmeras intervenções desnecessárias.
 Nicolas estava com dpp marcada pro dia 15/10/2014, comecei a receber os sinais da sua chegada no dia 18 e 19 de setembro, comecei a perder o tampão, e no fim de semana senti os pródromos, contrações de treinamento. Avisei ao marido e maninha Tailynne que o Nicolas estava perto, não ia esperar a DPP não. Dia 25 de setembro trabalhei normalmente, sem sentir nada de anormal, a noite rotina normal, fiz comida, assei bolo, tudo normal, assisti TV, fiquei no face até quase 1h da manhã. Mal deitamos, senti uma dor rápida e começou sair liquido, eu gemi e falei pro amor, acho que é a bolsa, ele rapidamente levantou e perguntou o que fazer, eu falei p colocar água pra esquentar, pois estamos sem o chuveiro quente, eu ainda tinha esperança de não ser o Tp, pois Tati tinha viajado e não tínhamos combinado mais coisas sobre o TP com a doula, senti um pouco de medo mas quando fui ao banheiro era o tampão saindo e a bolsa rompendo aos poucos, então comecei a aceitar aquele momento e me entregar a cada contração. Meu marido começou a preparar tudo no banheiro, eu sentindo umas contrações fracas, mas com frequência, fomos pro banheiro p aliviar com a água morna e massagens do marido, foi ótimo a princípio aliviou a dor, no intervalo delas íamos p quarto ele deitava e logo outra contração voltávamos p banheiro, e não lembramos de contar o tempo das contrações. Umas 2h40 da manhã, começamos contar as contrações, 3 em 3m, fikei chocada. Como assim, já?? Apenas 1h de Tp e já na fase ativa, era incrível, continuamos contando, 3 em 3m, meu filho estava perto de chegar, não teve fase latente. Eu me entregava a cada contração que já vinha com a vontade de fazer força, e eu fazia, tentava todas as posições, fiquei de quatro, agachada, apoiada na cama, gemia, mas não gritava para não acordar minha irmã, tava com medo dela acordar e  querer me mandar pro hospital e me passar nervosismo e adrenalina, o que poderia atrapalhar meu TP, Deus abençoou até nisso ela não acordou e ela tem o sono leve, e todas as luzes da casa ligadas, e meu marido estava indo muito bem, confiando em mim, segurava minha mão, passava mão na minha cabeça, eu abraçava ele, abaixava junto com a contração, gemia, mas tb não queria passar nervosismo p ele, pra que desse tudo certo. Tentamos falar com a doula Eydi, várias vezes, celular desligado. O marido ficou um pouco nervoso por estar só, eu falei q tava tudo bem, continuamos. Quase 5 da manhã, e nenhuma posição era mais confortável, a dor começou a apertar, resolvi ir pro hospital. Falei pro amor ligar pra mãe dele, que nos levaria pro hospital, ele não via hora q eu falasse isso, tava nervoso mais se fez de calmo p não me atrapalhar kkkkkkkkk eu falei q ia tomar um banho rápido, pq tinha um pouco de sangue nas pernas, entrei no banheiro, coloquei os pés na bacia ia começar a me molhar, quando senti um puxo, fiz força me abaixei e meu Nicolas nasceu, de uma vez só, não quis esperar ir p hospital, ele também teve medo de lá igual a mamãe, o marido apareceu na porta e desesperou quando viu ele saindo e exclamou “Meu Deus”, e eu aparei nosso filho, que passou pela bacia e veio lindo direto pros meus braços, só deu um gemido rápido e ficou quietinho, caladinho, olhos arregalados se movimentando, primeiro contato com o mundo, logo o marido começou a sorrir, eu só falava q ele era lindo, cheirava ele, acolhia.

 Tailynne acordou com o gemido, veio com a cara de desespero e depois sorriu e tirou sua primeira foto dele, no banheiro, no colo da mamãe. O marido ligou pra mãe dele, que ficou nervosa quando soube q nasceu em casa, minha cunhada Ana Paula veio, ajudou a Tailynne a me limpar as pernas, eu perdia sangue, por causa da laceração. Foram ótimas meninas, cuidaram de mim e do sobrinho, envolveram num paninho dele, que chorou a desgrudar a pele da mamãe, e logo calou qdo abracei ele.

 Chamamos o corpo de bombeiros, que ficaram espantados com a rapidez do TP, sendo meu primeiro filho kkkkk ficaram impressionados e me levaram, continuei sentindo contrações, a placenta nascia dentro da ambulância, o cordão dele ainda pulsava passando tudo que ele ainda precisava, mais sangue e oxigênio. Chegando no hospital, foi horrível, a parte ruim e feia desse relato, sofri violência obstétrica pelo médico e meu filho tb com intervenções desnecessárias. O médico cantor foi bastante grosso brigando comigo por não ter ido logo ao hospital e ter perdido sangue, expliquei que ia tomar banho pra ir, mas não deu tempo, mas ele não entendeu, queria que eu tivesse uma bola de cristal, mas sei q aconteceu pq Deus quis. Qdo ele disse q ia ter q dar pontos fiquei triste, eu não queria, sabia q ia doer, e pensei q não tinha lacerado muito, pq qdo ele nasceu eu não senti dor nenhuma no períneo, pedi p não costurar, ai ele disse q eu era louca, que eu ia morrer com aquela hemorragia, que meu marido me trocaria por outra, que eu ia ter que tomar sangue pelo sangue que eu perdi, questionei se eu não tinha escolha sobre meu corpo, ele disse q não, q a partir do momento que eu cheguei no hospital eu era responsabilidade dele, e ainda mostrou a laceração p marido e falou q aquele corte não foi ele que fez e sim meu filho, que raiva dele, por querer dizer a culpa era do meu filho, inocente, com certeza a laceração natural foi bem melhor que uma episiotomia, mais fácil de sarar e foi o tamanho necessário p saída do meu filho, e eu teria sentido duas dores, ao invés de uma. Perguntei meu marido se tinha lacerado muito, se precisa costurar, ele disse q sim, q foi grande a laceração, então aceitei. O marido saiu da sala, eu pedi a enfermeira que segurasse minha mão pelo menos, por causa da dor, nenhuma das duas me ouviu, eu chorei e senti cada ponto, mesmo com anestesia, com certeza por estar nervosa e pela raiva que eu passei com o médico, esse pouco tempo no hospital doeu na minha alma, foi horrível mesmo, graças a Deus não ganhei meu filho lá. Mais tarde na sala obstétrica, o médico apareceu e me ridicularizou na frente das outras mães q estavam lá e das que ainda estavam em trabalho de parto dizendo que não fizessem como eu q demorei ir pro hospital, ganhei em casa e me rasguei toda e ainda não queria que desse pontos, eu não quis discutir e calei. Engraçado o terrorismo que ele fez comigo, e não foi acompanhar o meu sangramento, os pontos e nem se eu estava “morrendo” como ele disse pra mim, que eu ia ter q tomar sangue, e q poderia morrer pela hemorragia. Afffff.
As dores das contrações não são de morte, são de vida, fiquei em casa, escolhi as posições mais confortáveis, as dores eram boas, sem demagogia ou mentiras pra mim foi, eram boas, gostosas e depois da força que eu colocava, passava e eu tava normal, conversando. Quando a gente não tem medo, e se informa não tem dor que amedronte, a gente entende a fisiologia do parto, q o nosso corpo é inteligente, que é importante pro bebê esse momento, que Deus nos criou pra isso, não existe mulher fraca ou que não consegue, mas sim que tem medo do parto anormal que temos em nossos hospitais e no nosso sistema falho e ultrapassado. E assim foi meu momento maravilhoso e lindo planejado por Deus, ele ouviu minhas orações pelo parto normal, e foi melhor do que eu imaginei e sonhei, foi humanizado. Queria agradecer a Tailynne pelas fotos e pelo lindo registro do momento mais lindo da minha vida, e também a minha cunhada Ana Paula que chegou e ajudou a Tailynne a me limpar, me vestir e cuidar do Nicolas..titias lindas e especiais..."


4 comentários:

  1. Estou muito orgulhosa por vcs!
    Seja bem-vindo pequenino lindo, guerreiro!

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  2. muito linda sua historia ....quando ficar gravida quero o meu normal tbm....so não sei se vou ter essa coragem q vc teve de tê-lo em casa...rsrsrsrs...parabéns...tudo de bom pra vcs e muita saúde para seu lindo bb.

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  3. Parabens! Vc tem toda a razão Deus criou os seres humanos de forma maravilhosa e atemorizante. E especialmente as mulheres com esta capacidade extraordinaria de trazer outra vida ao mundo. Concordo com vc o corpo da mulher foi criado de forma maravilhosa e inteligente para este momento tao especial, o momento que nos tornamos mae , no pleno sentido da palavra, que Deus a abençoe vc e seu lindo Baby.

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