24 de setembro de 2014

Relato de Parto Humanizado após Cesárea Desnecessária

Esse é o meu relato de parto. Falo um pouco também sobre o nascimento do Arthur, que foi por uma cesárea por falsa indicação, 1 ano e 9 meses antes de parir.
O relato é longo, mas acredito que valha a pena ler até o fim!!

"Enfim pari! Realizei um grande sonho! Mas antes de falar sobre o parto, vou voltar há 1 ano de 10 meses atrás, quando nasceu meu primeiro filho, através de uma cesárea.
Sempre sonhei em ser mãe, minha vontade era tão grande, que as vezes passava pela minha cabeça que eu poderia ser estéril, que não ia conseguir engravidar, não que eu já tivesse tentado, mas vivia pensando nisso.


 Até que em 2011 engravidei, do meu primeiro anjo, o Arthur.
Até mesmo antes de engravidar, nunca fui a favor da cesárea, a não ser nos casos realmente necessários. Mas marcar a data pro bebê nascer, pra mim sempre foi terrível!O único que sabe quando estará pronto pra nascer é o bebê, e ninguém tem o direito de adiantar isso.
Então quando engravidei, não tinha dúvidas que seria normal... se dependesse de mim!
Até as 29 semanas foi uma gestação super tranquila, trabalhava fora, não tive nenhum incômodo!
Mas em uma noite, com quase 30 semanas, tive um falso trabalho de parto, e tive que ficar internada para observação.

Dentro de 3 dias já estava em casa de novo, mas com a recomendação de ficar ao máximo de repouso. Saí do trabalho.
Em umas das idas ao médico, fazer uma eco, viram que eu estava com baixo líquido amniótico, e me internaram de novo. Mas em questão de horas, o líquido já estava na quantia considerada normal. Logo fui pra casa. Se passaram mais algumas semanas, tudo tranquilo. Esperava ansiosa pelo nascimento do Arthur, que estava previsto para até dia 25 de abril. Seria o maior presente que eu e minha mãe poderiamos ganhar de aniversário, já que faço dia 21/04 e minha mãe dia 07/04. Estávamos todos pensando se cairia mais perto do aniversário dela ou do meu.
Então em mais uma manhã, no dia 03/04/12, fui ao hospital pra mais uma eco. E foi mais uma vez constatado oligodrâmio, eu estava com 36 semanas mais 5 dias, e acharam melhor interromper a gestação.



Fiquei arrasada. Mais ainda quando disseram que teria que ser cesárea. Meu sonho de parto tinha ido por água a baixo. Eu perguntei uma, duas vezes, se não tinha mesmo como ser parto normal, e só me diziam que não, que seria arriscado pro bebê, e eu não queria que nada de ruim acontecesse com o meu filho! Que mãe ia querer arriscar, não é mesmo?! Se os médicos estavam dizendo, então era o que tinha que ser! Era o que eu pensava....
Me internaram às 9h, com a cesárea prevista para âs 16h, como eu não estava em jejum, tinham que esperar algumas horas. E as horas passaram, passaram.... já era 20h e nada. Nada de me examinarem, já nem sabiam mais se a cirurgia seria mesmo feita naquele dia, já que não era uma emergência. Pois então... não era uma emergência, porque tinha que ser cesárea?! Nem questionei isso naquela época. Eu só queria terminar logo com aquilo. Já estava louca de dor de cabeça, fome e sede! Até que resolveram! Meu filho nasceu, ou melhor, foi retirado de mim, às 22:27h.


 Assim. Sem emoção nenhuma. Na hora até me senti mal, e me achei estranha por não ter sentido aquela emoção que todas falavam. Ou que a maioria falava. Mas tiraram o meu filho de dentro de mim e levaram. Fizeram todos aqueles proecessos horríveis que fazem no RN, e eu fui a última a vê-lo. Pesaram, mediram, tiraram fotos, e só depois me trouxeram. Colocaram no meu peito, mas não quis mamar, só ficou ali, com uma carinha triste, que na hora eu não percebi, mas hoje sei... ele estava triste. E só de pensar nisso hoje, me corta o coração e dá aquele nó na garganta.
Eé essa a história do nascimento do meu primeiro filho. Trsite. Ele nasceu pequenino, com 2275kg e 42cm, mas graças a Deus, cheio de saúde! Ficou no quarto comigo o tempo todo. E hoje em dia é um baita guri de quase 2 anos!




Naquela época eu não sabia de 1/3 do que eu sei hoje. Tinha visto alguma coisa sobre o documentário O Renascimento do Parto, mas que ainda não tinha data para ser lançado. E eu não fazia ideía de todas as coisas horríveis que eu descobriria.
E então em 2013 descobri que estava grávida de novo. E agora viria uma menina!! Seria mãe de um casal, tudo o que eu sempre quis!! E uma força e um desejo maiores ainda de enfim conseguir passar pela experiência do parto natural, me preencheram de uma certa forma que era só o que eu pensava. E pesquisava, e me informava.
E enfim o documentário foi lançado. Fui correndo assistir, logo no primeiro dia de exibição.
Lágrimas rolaram do começo ao fim, de verdade. Chorava de soluçar. Por todas aquelas coisas terríveis, que eu não fazia ideia, por todos os relatos, em que me vi em vários e pelo fato de descobrir, que me filho não precisava ter nascido de uma cesárea. Oligodrâmio não é indicação de cesárea, eles poderiam ter induzido, e nem sequer tocaram no assunto.
Saí do cinema arrasada e ao mesmo tempo maravilhada e com a esperança que dessa vez eu conseguiria! Dessa vez eu iria me munir de todas as informações possíveis, e ninguém me passaria pra trás, ninguém me privaria de parir!

Eu queria além de um parto humanizado, um nascimento humanizado! O primeiro momento de vida do bebê também tinha que ser respeitado!
Fazia o meu pré natal no posto do bairro, então eu não tinha acompanhamento de um obstetra, quando chegasse a hora, eu iria pro hospital, e que fosse o que Deus quisesse, pensava eu...
Mas até que um dia fui apresentada à uma enf. Obstetra, a Luana, que surgiu na minha vida como um anjo!
Já estava na 27ª semana quando nos conhecemos e começamos a nos encontrar e conversar sobre o parto. Depois do filme, e de ter visto inúmeros vídeos de parto domiciliar, fiquei com uma vontade enorme de ter o meu em casa também, mas eu não tinha o apoio do meu marido. Ele aceitava eu querer ter natural, sem as intervenções de rotina feitas no hospital, mas ter em casa, nem pensar, dizia ele!
Acabei esquecendo dessa ideia. Então com a ajuda da Luana, fiz o meu plano de parto, que eu também nem sabia o que era, e que é uma recomendação da OMS.
Fiz com todo o carinho pensando nas coisas que eu queria, e nas que eu não queria que acontecesse de jeito nenhum.

Não queria ocitocina sintética, analgesia, episiotomia.... com o bebê eu não queria que usassem o nitrato de prata, que ele fosse aspirado, entre outras maldades.
Lá pela 32ª semana, a ansiedade era tanta, que já estava com tudo pronto, minha mala e da Isis, plano de parto impresso...
A data prevista pro parto era dia 24/01/14, onde completaria 40 semanas.
Mas desde o começo eu tinha certeza de que não passaria das 39.
Dessa vez, meu pai é quem ganharia um presente de aniversário, e estava torcendo pra que caísse no dia dele, dia 17/01.
Depois do dia 03/01, quando completei 37 semanas, eu já podia esperar pela minha filha, teoricamente ela já estava pronta pra nascer, e a ansiedade só aumentava. Eu acordava e pensava, será que é hoje?!

Estava tudo certo também com a Luana. Ela me acompanharia em todo o trabalho de parto, que eu queria permanecer em casa. Até o último momento. Queria ir pro hospital quando já estivesse com uns 8cm de dilatação. Era pra chegar quase parindo!!
Nesse tempo em que nos encontramos pra conversar sobre o parto, ela me emprestou alguns livros, maravilhosos, que ainda quero tê-los na minha estante! E me trouxe também uma bola de pilates, pra eu ir fazendo alguns exercícios.
Dia 10/01, completei 38 semanas.... e o que era ansiedade, já não tinha mais nome.
Tinha sempre essa data na cabeça, achava que nasceria logo depois do dia 10.
Mas os dias foram passando e nada.
Dia 16/01 era a troca da lua, para lua cheia. Já tinha ouvido dizer que era a lua das meninas, e que o índice de nascimentos aumentava consideravelmente nessas trocas de lua.



Dia 14/01 foi o dia de me arrumar... fiz as unhas dos pés, das mãos, retoquei meu cabelo. Estava só esperando.
E então que no dia seguinte, 15/01, acordei às 06h para ir ao banheiro e notei que estava com umas contrações um pouco mais fortes, diferentes das de treinamento. Tive a certeza de que ou nasceria à noite, ou de madrugada, na troca da lua.
O intervalo das contrações eram em média de 10 minutos. Mas ainda bem irregulares e fracas. Parecidas com dor de barriga.
Fiquei monitorando por um tempo. Entrei em contato com a Luana, que foi acompanhando tudo por mensagens que eu mandava.
Ficou de vir pra minha casa à tarde, depois das 17h.
Entre uma contração e outra fui fazendo as coisas da casa, do filho... estava tudo tranquilo. Estava feliz. A hora estava chegando!!
Avisei toda a família, que provavelmente a Isis nasceria ainda naquele dia.
Meu marido estava um tanto apreensivo, acho que por ele teríamos ido logo pro hospital. E já estava certo com uma das minhas cunhadas, que quando chegasse a hora, ela nos levaria, e uma outra cunhada viria para ficar em casa com o Arthur. Essa era uma das minhas preocupações. Ficar longe do Arthur. Nunca tinha acontecido. No que ele ia pensar?! Que eu tinha abandonado ele?!
Mas eu sabia que nesse dia, ele sentia o que estava acontecendo.... o que ia acontecer... mesmo não entendendo muito bem, acho que ele acordou sabendo que sua irmã logo chegaria.

Mas voltando ao meu dia...
Almoçamos, e depois de colocar o Arthur na cama pra tirar seu soninho da tarde, resolvi me deitar também, na esperança de dormir um pouquinho e dar um tempo na ansiedade.
Mas as contrações não deixaram. Estavam começando a ficar chatinhas.
Me levantei. Aproveitei pra me exercitar com a bola. A cada contração, eu me agachava. Aliviava um pouco. Não deixei de me movimentar. Parada era muito pior.
Então deu 17h e logo a Luana chegou, pra minha alegria. Estava louca pra saber se já estava com alguma dilatação.
Foi quando no exame de toque ela viu que meu colo estava molinho, Isis bem encaixadinha, mas apenas 1cm. Fiquei um tanto quanto decepcionada. Esperava estar com mais. Pensei então que ia demorar. Talvez fosse só pra madrugada.
Decidimos então caminhar.
E as contrações cada vez mais fortes, e o intervalo entre elas, bem menor.
Andava um pouqinho e tinha que parar. Achei que não ia conseguir voltar pra casa.
As dores estavam ficando bem fortes.
Quando chegamos em casa, fui pro chuveiro. Fiquei alguns minutos. Ficar sentindo a água cair no corpo era muito bom.
Quando saí, fui para o quarto, liguei a TV, me deitei, mas não dava. Ficar deitada não tinha condições! Voltei para o banheiro, e a bolsa estourou. Eram 19:30h.
Enchi uma piscininha do Arthur e coloquei no box, fiquei lá sentada. Mas também não dava mais. Já não tinha uma posição que fosse confortável.

Ia usar a bola, quando senti uma contração muito forte, me agachei e senti uma pressão. 
O primeiro puxo. Minha filha já ia nascer. E não dava tempo de ir pro hospital.
Ela ia nascer em casa. Ela queria nascer em casa!
Em 2h, fui de 1cm pra 10cm. Foi tudo muito rápido. Tudo perfeito.
Meu marido, apavorado, não acreditava no que estava acontecendo. Chamou minha cunhada, a que nos levaria pro hospital,que acabou chegando a tempo de ver sua sobrinha nascendo, e a tempo de segurar a minha mão.
Minha outra cunhada já estava com o meu filho, distraindo ele.
Fui para a cama. Fiquei de quatro, abraçada na bola.
Foi então que depois de 3 contrações com puxo, às 19:56h, minha Isis nasceu. Linda, cabeludinha, como no meu sonho. Sim!! Eu tinha sonhado, há algumas semanas antes com o parto. Exatamente como aconteceu. Foi um aviso!! Nada é por acaso!! Sempre acreditei nisso! E foi o que me fez ficar tranquila na hora do parto, porque mesmo não tendo preparado a casa pra esse momento, não me passou nada de ruim pela cabeça! Eu sabia que daria tudo certo! E deu tudo mais que certo! Não poderia ter sido mais perfeito. Pari lindamente! Sem ocitocina sintética, analgesia, episio...
O mais natural possível. Tive o parto e nascimento humanizados. Como eu sempre quis. Como tinha que ser! 


Minha filha nasceu em casa, no meio de pessoas queridas. Quase não chorou. Veio direto pro meu colo, mamou ainda “sujinha”, teve o cordão cortado pelo pai, muito tempo depois.
E só posso dizer que foi maravilhoso. A melhor experiência da minha vida. Faria tudo de novo!
O que eu não consgui fazer pelo Arthur, eu fiz pela Isis. Me realizei. Lavei a minha alma.
Só tenho que agradecer todo mundo que estava lá naquele momento. A Luana que me ajudou, que se não fosse ela, provavelmente não teria sido possível. Ao meu marido, que mesmo assustado, estava lá, acreditou que eu conseguiria, e filmou tudo!! Minhas cunhadas, e sobrinha emprestada!
E ao cara lá de cima, que sempre sabe o que faz, e que me deu mais essa benção! Muito obrigada!!
E aquela frase, “Os bebês sabem nascer, e as mulheres sabem parir”, é a mais pura verdade!! Nosso corpo é perfeito, a natureza é perfeita!! Deixem ela agir!!!



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